Alchimia organica |cs260

 

 

 

 

 

 

 

 

A surprising improvising duo. Matthias Bauer on doublebass (mostly) and voice. Maria Lucchese on a row of instruments, among them theremin, zither, didjeridoo, and voice. Twelve pieces, most of them short, each one featuring a different instrumentation. Vocal grumbles and jibber-jabber, heady theremin, percussive interventions. Fun, convincing, lighthearted music. François Couture (Monsieur Delire)

After they ascertained that their artistic fields had many intersections, particularly the study of voice, their open-minded approach to different cultures and perspectives and the attempt of merging formally different branches of avant-gard arts, theatre and music, which often flow together, Berlin-based Italian visual artist and performer Maria Lucchese and contrabass player, improviser and composer Matthias Bauer blended their ele/mental sonorities in this "Alchimia Organica" (Organic alchemy). The sound of the first two tracks and the resounding distinct percussive strokes by Maria, who plays theremin, zither, didgeridoo, launeddas (a sort of woodwind triplepipe from Sardinia), oceandrum and gong as well as his voice reminded some ritual percussive experiments by Z'EV to my ear, but soon after the very first minutes both the amazing use of voice by Matthias and Maria with a funnily wide range of squeaks, murmurs, squeals, guttural yells and other bizarre naturally transformed calls (I particularly enjoyed the moments when both of them turn their voice by a sort of natural flanger!) and the thespian inserts and the crazy phrasing on contrabass by Matthias immediately immerse listeners into what they properly defined a "suspended and magic atmosphere of extemporaneous anarchy, and allucinatory excursion, a cathartic aesthetical experience", where listeners can suddenly catch a certain sense of humour and spiritual tension that often impetuously burst into lines such as on fifth and tenth tracks. Vito Camarretta (Chain DLK)

A italiana, mas residente em Berlim, Maria Lucchese é uma artista visual e “performer” que estendeu a sua actividade para o domínio acústico. Em associação com o renomado contrabaixista Matthias Bauer usa a voz, um instrumento electrónico “vintage”, o theremin, e outros de ancestralidades étnicas várias, como o australiano didgeridoo e o sardenho launeddas, para o desenvolvimento de rituais performativos que lhe possibilitam o cumprimento de «processos alquímico-catárticos de criação», visando uma «despersonalização espontânea da subjectividade». “Alchimia Organica” é o exemplo áudio possível.
A formulação de Lucchese terá algo de “new age” e de intelectualismo, mas a música não. Esta alinha com aquele sector da improvisação que, distanciada das premissas tanto do jazz como da academia, vem abrindo as possibilidades tímbricas, seja pelo uso do instrumentário das tradições localizadas nos confins do planeta – numa metafórica conexão com os primados da existência humana – ou de outros de invenção própria, nas linhas de Clive Bell e Max Eastley. As partes vocais (com o acréscimo de Bauer) estão na continuidade da poesia fonética Dada, na esteira da recuperação dos elementos “selvagens”, “infantis” e “loucos” procurados pelas primeiras vanguardas do século passado, e o que se procura, com declarado sentido de humor, é o maravilhamento que também motivou Burton Greene, Silke Rollig, Neil Metcalfe, Daniel Thompson e, para todos os efeitos, os demais improvisadores.
Este é um duo primitivista, interessado em tocar uma música que se deseja totalmente desenquadrada de todos os padrões musicais, apesar de se tornar evidente que Lucchese está mais “fora” do que Bauer. Este age como um músico, a artista transalpina não. E o que agrada mais no CD é precisamente o carácter não musical, mas plástico, de Maria Lucchese, uma rebelde empenhada na «libertação do inconsciente». Mas ainda bem que Matthias Bauer está presente, ou ela acabaria por habitar um universo demasiado distante para que pudéssemos entendê-lo. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)