Multiforms cs659

 

 

 

 

 

 

 

 

[… The assertive Multiforms is played by a trio of Ernesto Rodrigues (viola), Fred Lonberg-Holm (cello) & Rodrigo Pinheiro (piano). And Pinheiro had appeared here again (& with Rodrigues) only last month with The Book of Spirals, while Lonberg-Holm has appeared on Creative Sources a couple of times already too (including with Ernesto Rodrigues & Miguel Mira on Incidental Projections, discussed here three years ago) — both here in another relatively extrovert performance (unusually) featuring Rodrigues in some quasi-traditional "free jazz" solos.... There are still strange harmonies (i.e. post-romantic atonality), amid a sort of rhetorical stance around musical anticipation that suggests a kind of grim optimism, even determination with tenderness... an impulse that's eventually figured via (what can sometimes be) stereotypical ascending lines gesturing toward transcendence….] Todd McComb's Jazz Thoughts

Ao longo da existência dessa corrente musical a que se chama “improvisação livre” sempre se tem evitado a utilização do termo “forma” para referir o que acontece. Compreende-se o motivo: numa música que é espontânea e intuitiva, composta no momento da interpretação, recorrer aos conceitos convencionais de forma é circunscrever o que se verifica aos factores clássicos de organização dos sons, de estruturação, de orquestração. As habituais definições de forma como «o arranjo das unidades de ritmo, melodia e / ou harmonia que mostrem repetição ou variação», para parafrasear a vulgata da Wikipedia, não parecem ajustar-se convenientemente a este tipo de abordagem. E no entanto… E no entanto, ao escutarmos algo como “Multiforms”, do trio constituído pelo violetista Ernesto Rodrigues com Fred Lonberg-Holm (violoncelista norte-americano com residência em Lisboa) e Rodrigo Pinheiro ao piano, é o factor forma que nos assalta as percepções auditivas – e não necessariamente porque o título do álbum nos chama a atenção para tal (Miles Davis disse, certa vez, algo como «primeiro tocamos, depois damos-lhe um nome»).
Tal como nós, ouvintes, os músicos envolvidos entenderam à posteriori que, nesta actuação ao vivo gravada (por Miguel Azguime, compositor de música contemporânea) em Novembro de 2019 durante o Creative Sources Fest, era isso mesmo o que estava em causa. Ou seja, que uma situação de improvisação integral segue também princípios organizacionais, estruturais e formais. Uma grande diferença apenas existe relativamente à música que ficou fixada numa partitura: o que vem no papel é «improvisação selectiva», como dizia Stravinsky. Numa improvisação de 10 minutos a composição leva 10 minutos a completar-se, enquanto uma composição notada de 10 minutos pode levar 10 anos a escrever, pelo simples facto de que o que se improvisou com a caneta é depois emendado. Ora, este é um disco de brilhantes compositores do momento, de experimentados praticantes de improvisação que não precisam de corrigir o que ficou para trás porque o que fizeram tem uma verdade e uma lógica / sensibilidade tão fortes que qualquer modificação seria um crime. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)

Formule musique de chambre, piano (Rodrigo Pinheiro), violon alto (Ernesto Rodrigues) et violoncelle (Fred Lonberg Holm). Une musique contemporaine consistante, entraînante entre contraste et empathie, sens de la dynamique et énergie virtuose. À cause de leurs proximités au point de vue de leurs registres respectifs et de la capacité à travailler les sonorités à l’archet de manière à élargir ses possibilités au niveau du timbre et des textures et de « l’élasticité » des intervalles grâce à un sens inné des glissandi et altérations précises des notes « exactes, c’est un grand plaisir de goûter leurs connivences à plusieurs niveaux de jeu. Face à ce tandem cordiste de haut-vol, le pianiste donne le meilleur de lui-même en exploitant les ressources du jeu au clavier dans un mode classique contemporain avec une forme d’autorité et autant de brio dans les parties enlevées avec force que de sagacité dans les passages piano – pianissimo. Une improvisation d’une seule traite enregistrée lors du Creative Fest XIII en novembre 2019 à Culto do Ajuda, Lisbonne pour 28 minutes de pur bonheur avec un court encore de quatre minutes vingt secondes en forme de synthèse - chassé-croisé avec différents niveaux d’intensité superbement bien imbriqués . Un sens du timing de très haut niveau qui confère à leur musique une force et une conviction peu commune. Multiforms pourrait passer inaperçu dans l’intense et très ramifiée production actuelle. Bien que publié par le très connoté label Creative Sources, ce magnifique album aurait bien pu avoir été publié chez Emanem. L’intensité, l’esprit collectif, la multiplicité des formes et la succession à la fois spontanée et logique des séquences éminemment ludiques font de Multiforms un opus irrésistible, simultanément chercheur, voire musardeur, et pleinement musical. On l’écoutera surtout pour le plaisir en mettant de côté les références concernant les tendances improvisées respectives de ces trois musiciens et en se concentrant sur chaque instant de leur très réussie musique improvisée contemporaine, un modèle en soi. Jean-Michel Van Schouwburg (Orynx)

A dynamic encounter between Chicago improvising cellist Fred Lonberg-Holm, Red Trio pianist Rodrigo Pinheiro, and Creative Sources label leader, violist Ernesto Rodrigues, performing live during the CreativeFest XIII at O'Culto da Ajuda, in Lisbon, Portugal, in one extended improvisation and a relatively concise coda; powerful and assertive, masterful work. The Squid's Ear

I thought these were the last three discs of Ernesto Rodrigues to be included in this edition of my book, but I was wrong I got them by courtesy of Ernesto himself. The first two were both recorded live by Miguel Azguime in November 2019 during the CreativeFest XIII at O'Culto da Ajuda, Lisbon. The first one is a masterpiece: joining forces with Rodrigo Pinheiro was always a great bonus for Ernesto. But adding Fred to this cocktail, is simply extraordinary. The highlight is the 29 minutes long "I", starting with plenty of power in a mood of contemporary chamber music. Gradually, Pinheiro starts to play more in a Cecil-Taylor/Agustí Fernández style, which Fred plays his amazing distorted cello solo. The chamber music, free jazz, free improvisation and even free post-punk intertwine here all of the time. The density of emotions, synergy, creativity are here enormous. The short 4 minutes long "II" is very nice, but adds proportionally a little to the overall magisterial quality of this album. Maciej Lewenstein